terça-feira, 30 de setembro de 2008

RODA DE LEITURA : MIMI NASHI OICHI

Na próxima quinta-feira (09), ás 15 horas, a escritora, poeta e jornalista Marilia Kubota fará uma leitura do conto Mimi Nashi Oichi, refabulado pelo escritor Valêncio Xavier. A escritora é a convidada da semana do Ciclo Diversidades, da Roda de Leitura, uma das atividades da Casa da Leitura (Parque Barigui).
Mimi Nashi Oichi faz parte das histórias da tradição oral japonesa. A lenda integra a coletânea de horror japonesa Kwaidan, traduzida para o inglês pelo nipólogo Lafcádio Hearn, em 1905. O escritor Valêncio Xavier tomou conhecimento da estória de Mimi-Nashi-Oishi através da versão em espanhol, conforme nota na publicação original, de 1986.
Mimi Nashi faz parte do ciclo de narrativas chamado “saga do clã Taira (ou Heike)”. No século 12, duas famílias, os Taira e Minamoto (ou Geishe), lutavam pela posse do trono no Japão. Os Minamoto venceram e instituíram o shogunato –uma forma de administração similar ao feudalismo europeu. O shogunato durou de 1192 a 1868, com ressonâncias até o final da Segunda Guerra Mundial.
O extermínio dos Taira gerou muitas lendas na região em que seu as batalhas finais. Uma delas, a do monge Oichi, um jovem cego que se refugia num templo. Uma noite ele é chamado por um samurai para cantar a saga dos Taira para uma “platéia muito distinta”. Os monges descobrem que se tratam de fantasmas dos Taira e para protegê-lo, cobrem seu corpo com sutras (ensinamentos budistas). Quando o samurai volta para buscá-lo, leva apenas suas orelhas, que não haviam sido cobertas pelos escritos.

Valêncio Xavier, nascido em São Paulo (1933) desde os anos 60 morador de Curitiba era aficcionado pela cultura japonesa. Mimi Nashi Oichi foi publicado pela primeira vez junto com outra novela, O Mistério da Prostituta Japonesa, em edição do autor. A segunda edição está no livro O Mez da Grippe, da Companhia das Letras, de 1998.

Valêncio também publicou Maciste no Inferno, em 1983, O Minotauro, em 1985, 13 Mistérios + O Mistério da Porta Aberta Revista Quem, 1983 a 1990, todos republicados em O Mez da Grippe. Em 2001 a Companhia das Letras lançou Minha Mãe Morrendo e Menino Mentido e a Publifolha, Crimes à Moda Antiga, em 2004.
Marília Kubota integrou as antologias Crônicas Paranaenses (1999, crônica), Pindorama (2000, poesia), Passagens (2002,poesia), 8 Femmes (2007, poesia) e Antologia Brasileira do Início do Terceiro Milênio (2008, poesia), lançada em Portugal. Seu último livro é Selva de Sentidos (2008, poesia).
Desde 2005 orienta oficinas de criação literária. Em 2008 organizou o Concurso Nacional de Haicai Nempuku Sato. Mantém o blog Micropolis e trabalha com projetos de comunicação para a comunidade nipo-brasileira de Curitiba.

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