domingo, 24 de maio de 2009

DEPOIS DAS 1001 NOITES, MAIS UMA

Mogiana, dada por esposa ao sobrinho de Ali Babá, tornou-se infeliz e desperdiça seu tempo com quimeras. O filho que teve é a sua única alegria, Seu marido , o jovem Assan Babá, é taciturno e também infeliz. Passa seu tempo enfiado nas suas lojas cuidando das riquezas da família, não tem tempo para agradar Morgiana e nem acarinhar o pequeno Hakin.

Ali Babá, sempre esteve a par das tristezas da bela Morgiana, e sabe bem porque ela é triste, Assan tem o amor da bela Mogiana, amor de mãe para filho, pois foi ela quem o amamentou, por isso jamais poderiam viver uma paixão ou mesmo um amor conjugal que os realizasse. Ali Babá, certo dia encontrando a ex escrava e executora dos quarenta ladrões, a passear com Hakin , no jardim de tâmaras, encheu-se de compaixão pela falta de brilho no olhar de Mogiana e perguntou a ela:

- Mogiana , bela mulher e insubstituível amiga e protetora , que posso fazer para que o antigo brilho dos seus olhos reapareça vivas como outrora? Ao que ela respondeu:

- Ali meu antigo amo! Só a liberdade me será favorável pois o amor que dedico a Assan é de mãe. Como pode me desejar! Só Alá pode me livrar desse infortúnio. Ali Babá procura descobrir alguma maneira de alegrar a amiga pois jamais esqueceu as ações da escrava nos acontecimentos da tentativa de assassinato pelo chefe dos ladrões. Um dia acordou cedo e procurou Assan e pediu a ele permição para levar Mogiana e Hakim para um passeio que duraria o dia todo. Assan consentiu. Mogiana fica muito feliz com a idéia e deixa tudo preparado para o dia seguinte. O pequeno Hakin, reclamou de sair para passear sem a presença do pai. Dirigiram-se para o antigo esconderijo dos ladrões. Mogiana, já conhecia as palavras mágicas, pois Ali Babá já a havia levado até o tesouro várias vezes. Ali Babá ordena!

- ABRE-TE SÉZAMO!

E adentram os três. Sempre que estivera no rochedo fora com muita pressa, pois sempre existiu o receio que alguém pudesse estar por perto e descobrir o segredo das palavras mágicas. Mas desta vez Ali babá , que já esta em idade de descansar das preocupações da vida, deixa Mogiana muito admirada e apreensiva com as palavras que lhe dirige quase que em silêncio para não despertar o interesse de Hakin, que apesar de ainda ser pequenino, está estupefacto com as riquezas que tem ante seus olhos.

- Mogiana, Doravante serás a depositária de minha confiança, serás a dona das palavras mágicas! Serás só tu quem poderás proferi-las e adentrar ao interior do rochedo. Só tu poderás colocar as mãos e retirar daqui qualquer objeto, ou qualquer valor. Pois melhor que ninguém sabes julgar as situações e os valores das mesmas . Mogiana aceita a responsabilidade, porém, detém seu olhar sobre Hakin e preocupa-se com seu futuro. Dirige-se a Ali Babá e implora:

- Pela confiança que tenho em ti Ali Babá, entrego-te o futuro de Hakin, visto que Assan Babá ignora, para seu próprio bem e de Hakin, tanto os tesouros , quanto os perigos que nos cercam. Depois de todas as decisões e considerações tomadas, Mogiana finalmente realiza um antigo desejo: examinar tudo aquilo que se encontra no interior do rochedo. Ali Babá fica embevecido ante a curiosidade de Mogiana. Dentro de um cântaro antigo ela encontra um pergaminho ainda mais antigo, uma flauta e um jarrinho que deveria conter algum liquido que deixou vestígios, pois evaporou. Num pequeno baú, colares de pedras negras e de madeiras, de aparência nada valiosa, porque então ali? Sacos de couro de crocodilos com pérolas perfeitas, garrafas com licores desconhecidos, óleos perfumados, moedas e vinhos de todos os lugares do mundo conhecido , com a permissão de Alá, trajes estranhos, riquíssimas porcelanas decoradas a ouro,belíssimas jóias, adagas , lâmpadas, arcos com flechas envenenadas de todos os tipos e formatos, tecidos , plumas , e uma infinidade de vasos e cântaros fechados de maneira a conservar melhor seus conteúdos ... Mogiana , encantada com tanto conhecimento e poder que terá em suas mãos a partir desse dia , e já cansada , dirige-se a o amigo:

- Ali Babá ! Já se faz tarde! Devemos voltar à casa!

- Você é quem manda Mogiana! Ela apressa-se em sair do rochedo para examinar as redondezas e certificar-se de que não há viva alma por ali, pois agora a segurança do rochedo esta sob sua responsabilidade. Ali e Hakin , saem e Mogiana ordena:

- FECHA-TE SÉZAMO!

E tudo volta a ser como era antes das palavras mágicas. Naquela noite Mogiana tem idéias que a deixaram radiante! No dia seguinte começa a pô-las em prática. Vai em visita às lojas de seus amigos, convida as famílias de boa reputação de toda a cidade e das cidades vizinhas para uma grande festa! Quando chega o dia da festa explica para Assam seus planos.

- Querido Assan! Tenho para ti grande carinho e afeição, sei que o mesmo tu me dedicas... Mas sei também que nem tu , nem eu somos felizes... Tu és um homem bom, justo e muito rico, mereces ter muitas esposas e uma grande prole Essa festa que organizei para nossos amigos é unicamente para que conheças muitas moças belas e de boa índole. E assim possas encontrar algumas mulheres interessantes que possam te agradar e tomá-las por esposas! Assan, concordou, desde que Mogiana sempre ficasse a seu lado. Ao que ela lhe respondeu:

- Já não sou uma mulher tão jovem, sempre trabalhei muito! Tenho-te um grande apresso, pois és um homem justo. Mas quero que compreendas meu desejo de voltar a viver livre! E ainda mais um pedido: Hakin deve ser , enquanto possível, protegido por Ali Babá que é um sábio e tem muitos ensinamentos e também tempo para passá-los ao nosso querido Hakin. Te prometo que muito virei visitá-los e levar Hakin para conhecer meu mundo! Assan concede a liberdade a Mogiana, que o abençoa com desejos de que Assan tenha muitos filhos e lhes ensine a justiça , a honestidade e a prosperidade.

Ali Babá vê enfim o olhar da bela e esperta Mogiana brilhar novamente!

II Capítulo

Na sua tarefa de conhecer o conteúdo verdadeiro do interior do rochedo Manara , ‘ passa seu tempo a vasculhar cada pote, saco ou baú que se encontra no interior do rochedo. Tenta decifrar os segredos de cada peça ali depositada e agora sob sua guarda. O que a atormenta muito , pois sabe que ali esta o fruto de muitas vidas ceifadas pela cobiça e violência de homens desprovidos de qualquer piedade ou compaixão por seus semelhantes.

Ali Babá , respira aliviado e passa a vida mais tranqüilo em sua casa na companhia de suas esposas e de Hakin que é muito curioso.

Manara, novo nome de Mogiana,tornou-se ausente e ter noticias dela só através de Ali Babá, anda tão ocupada com tanta novidade, que nada a tira do rochedo; Encontrou cadáveres em grandes potes de cerâmica ossos de vários tamanhos e idades guardados em vasos ocultos sob pilhas de sacos de couro de crocodilo num outro lado encontrou uma arpa enorme um cajado de madeira muito dura e antiga, uma cítara com inscrições que a fizeram suspeitar pertencer ao rei Salomão. Também tesouros e a coroa da rainha de Sabá, vasos egípcios e gregos, pergaminhos com planos de batalhas pertencentes ao grande Alexandre da Pérsia. Tapetes mágicos em todo canto, tecidos de tramas estranhas e estampas maravilhosas, sedas lãns. Baús cheios de espadas e adagas de vários tipos e tamanhos forjadas com metais estranhos e ricamente guarnecidas com ouro ou prata e pedras preciosas. Peles , arreios para camelos e cavalos ... Muito tempo levará Manara para conhecer todos os artigos que estão no interior do rochedo. Mas tem tido bastante atenção para com sacos de pele, que estão empilhados num dos nichos, como que cuidados com especial atenção; são sementes, bem embaladas e colocadas em lugar especifico para que se conservem por muito tempo. Manara chega a uma conclusão: Não é dela a responsabilidade de dar um fim àquele tesouro imenso, apenas de velar para que não seja usurpado por ambição e avareza. Afinal, se estão ali aqueles objetos , de alguma maneira estão protegidos, e se estivessem nas mãos de pessoas, mesmo que seus proprietários legítimos ainda estariam sendo motivo de grande ganância e cobiça, causando mais mortes pelo longo do tempo. Hakin sempre esta presente em seus pensamentos e o temor a assalta quando lembra que ele , mesmo sendo uma criança esteve dentro do rochedo.

Em outro canto encontrou artigos femeninos! Véus, tiaras, braceletes, mais jóias , tapetes aparadores com bandejas cheias de passas, tâmaras e figos secos, como que servindo um banquete sensual, sobre um grande e suntuoso tapete um naguilé real preparado para uso com os melhores perfumes . Almofadas, cortinas e muitos véus. Véus normalmente usados pelas odaliscas nas danças do ventre ou dos sete véus, penas, maravilhosas penas douradas, enfiadas nos trajes mais bonitos que ali se achavam espalhados pelo chão. Manara , jamais imaginara que pudesse existir algum pássaro com semelhantes penas e de tão grande porte, como sugeriam as penas. Deu-se ao prazer de ornamentar-se com o mais belo traje ali existente, lentamente foi colocando sobre seu corpo, peça por peça, véu por véu, pulseiras, tornozeleiras , colares, perfumes, anéis... Pés descalços , ensaia alguns passos de dança, senta-se sobre uma enorme almofada e começa a trançar seus longos cabelos. Descobre entre os véus espalhados pelo chão, um pequenino véu de cobrir o rosto. Examina-o com bastante calma, seus olhos brilham ainda mais quando percebe a estampa de um grande e magnífico pássaro, bordada a fios de ouro, com muita delicadeza , perfeição e detalhes dando a idéia de um ser mágico e poderoso! Imediatamente, Manara, associa o pássaro às penas douradas ali espalhadas acreditando que ele também faz parte dos tesouros do rochedo. Coloca o pequeno véu sobre seu rosto. Sente uma leve brisa que vai aumentando e rapidamente torna-se um vento poderoso e tudo começa a soltar a poeira acumulada pelo passar do tempo. Manara, silenciosa e possuída de medo, oculta-se num canto e vê o grande pássaro pousar junto dela com pose de submição. A esperta mulher entende a mensagem do pássaro . Aprocima-se dele com carinho e respeito. Agara-se ao pescoço da ave e monta sobre seu potente dorso, sua longa trança mistura-se às penas da ave. Quando sente-se segura e confortável aperta suas pernas sob as asas da ave que levanta súbito vôo em direção às paredes da rocha.

--- ABRE-TE SÉZAMO! Grita Manara assustada. E saem ganhando o céu noturno! Nessa noite os céus do Oriente receberam a figura mais bela e apaixonante que Alá permite aos homens vislunbrarem antes de enlouquecerem de paixão pela mulher que voa pelos céus !

Sherazade nesse instante demonstra grande alegria ! A imagem de Manara voando livre nos céus do Oriente, mais bela do que nunca, parece sair de seu próprio desejo.

O Emir emociona-se com tamanha imaginação e declara Sherazade, “Rainha”. Mesmo porque ela já esta na sua segunda gestação. Sendo que na primeira nasceu a linda e graciosa Yasmim! Que cresce cheia de beleza e sabedoria!

Stela Siebeneichler (sequência imaginária do conto "Ali Baba e os quarenta ladrões", no estudo do livro "As Mil e Uma Noites")

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